quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Repertório Emocional

Normalmente limitamos nossas emoções. E com este repertório emocional limitado não conseguimos lidar com as mais diversas situações que surgem em nossas vidas. Por exemplo. A expressão, “personalidade forte”, denota exatamente essa ideia cristalizada, de que somos assim e as pessoas precisam aprender a conviver com este nosso traço.

Em algumas situações, essa peculiaridade por ser inicialmente divertida, mas não se sustenta, e no fim das contas só conseguiremos causar mágoa e chateação nas pessoas, que muitas vezes tem algum tipo de afeto por nós.

Esse conflito interno, nos faz enxergar inimigos em tudo/todos e não podemos baixar a guarda, demonstrando fraqueza ao custo de sermos pisoteados pelos outros. Um inimigo virtual e invisível.

Essa limitação só nos atrapalha. Principalmente quando nos confrontamos com alguém que está em franca evolução e percebemos que não conseguimos evoluir na mesma velocidade que ela. A reação muitas vezes não é das melhores, pois vem a tona a ideia de que estamos sendo atacados e logo, precisamos mostrar nossas armas. É saudável? Claro que não! Mas, é a única forma de reação que temos. O que se ganha? Dependendo da dinâmica do relacionamento, podemos não ganhar nada. Ou no pior dos cenários, ganhar a indiferença das pessoas, o que é um dos piores tipos de afeto que pode existir.

PS- Escrever isso me fez recordar de um filme chamado Onde Vivem os Monstros. Diria que este repertório emocional limitado remete a condição de que não sabemos aonde vivem nossos monstros.

Givaldo da Silva Costa Filho

Insta- givaldopsicologo


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Musculatura Emocional

 A realidade é que a gente se preocupa muito adquirir e enriquecer do ponto de vista financeiro e bens materiais. Mas, do ponto de vista emocional ocorre exatamente o oposto, há quase uma falência total das nossas emoções. Diria que algumas pessoas já pediram concordata.

Infelizmente, muitas destas pessoas não fazem com que possam adquirir uma melhor saúde mental. Se trata de aquisição e manutenção. Por que é preciso mantê-las. É a pouca saúde mental que lhes resta são maltratadas.

De que forma?

Através do uso desenfreado de bebida alcoólica, relacionamentos abusivos, aonde esta pessoa sofre e pratica o abuso. E quando se trata de relacionamentos abusivos, não me atenho apenas aos afetivos, casais e afins. Falo dos relacionamentos profissionais, familiares, sociais. Os afetivos, diria que se encontram até num outro patamar, devido a sua dinâmica.

Precisamos aceitar que a toxicidade está nas mais diversas esferas relacionais, e que em alguns momentos também fomos tóxicos com alguém.

Mas, voltando a saúde mental. Uma das práticas mais comuns de maltrato é o abuso do álcool. Um detalhe é que este abuso, faz com que o caráter do prazer da ingestão da bebida alcoólica se perca. Por que, termina sendo recreativo, as confraternizações, as resenhas num churrasco familiar ou do trabalho. Passa- se usar estes eventos como justificativa para “encher a cara”, maltratar mais ainda nossas emoções e negar uma realidade que há muito nos incomoda. O sexo se trata de outro exemplo. Transar é bom e todo mundo gosta, mas por vezes aceitamos ou praticamos relacionamentos sexuais abusivos, demonstrando toda nossa fragilidade, e mesmo assim achando que tudo isso é normal

Qualquer outra situação em que o prazer seja colocado para segundo plano, nos sinaliza do quanto estamos falidos. É importante buscar formas de melhorar nossas ações e nossas relações para que haja um fortalecimento emocional, precisamos criar essa musculatura emocional, tal qual ficamos mais fortes ao fazer exercícios, me permitam usar esta analogia.


Givaldo da Silva Costa Filho

Insta- givaldopsicologo



segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Nudez Emocional

     A nudez ainda tem a capacidade de chocar. E apesar de vivermos numa sociedade em que isso tem se tornado cada vez mais banal (cabe discussão, mas não é este o foco). Já pararam pra pensar que seguimos um caminho oposto à nudez corporal, quando se trata das nossas emoções? A nudez emocional deixa as pessoas muito mais chocadas e incomodadas.

    Por que estamos sempre cobertos das mais diversas roupas emocionais, baseados nas nossas experiências e também naquilo que as pessoas esperam de nós, não podemos nunca perder o pudor e tirar estas roupas. Caso o Façamos, causaremos choque.

    E nessa hora, ouvimos a clássica frase "Nossa, mas você não era assim!"

    E realmente, não somos "desse ou daquele jeito". Apenas fomos condicionados a esconder aquilo que sentimos, nas mais diversas esferas das nossas vidas e sempre que alguma pontinha de algum sentimentos\emoção que possa nos assustar, ou a alguém, tratamos logo de cobri-lo, escondendo nossa nudez emocional.

    Precisamos entender que necessariamente, não irão sair apenas coisas ruins de nossa caixa de pândora. E só ao explorar um pouco mais destes sentimentos poderemos nos conhecer melhor e não ficaremos tão surpresos com os nossos desejos. Consequentemente nos importaremos menos com as impressões que as pessoas terão. Se trata de um processo bem delicado, que envolve lidar com sentimentos que num primeiro momento podem ser confusos, mas com certeza é muito saudável.

    PS- Tive o insight logo após receber uma mensagem da minha mãe, me dizendo que eu andava muito nervoso. Logo eu, um poço de paciência.😎😉

    PPS- Ela deve ter esquecido de quem eu herdei alguns traços de personalidade


Givaldo Costa

Psicólogo

givaldo20psc@yahoo.com.br






sexta-feira, 27 de março de 2020

Semana Sem Máscara

Esta foi uma semana muito atípica. Para mim e para muitas pessoas. E ao fim me pergunto! Será que estamos mesmo protegidos usando uma máscara?
Ouvi a expressão de uma pessoa que tenho muito carinho, “é estranho usar máscara, apenas nossos olhos ficam expostos”. Sim, e isso é muito real, humano e verdadeiro, pois os olhos não mentem, e apesar de tentarmos disfarçar nossa inquietude, diante de tudo que está acontecendo. Nós da área da saúde ficamos com os olhos expostos. E não dá pra disfarçar um olhar choroso, as lágrimas simplesmente caem teimosamente. Por mais que queiramos, não podemos esconder atrás de uma máscara aquilo que estamos sentindo. E diante de tantos sentimentos, trago aqui apenas o medo.
Pois, pasmem, fiquem sabendo que também o sentimos. E tudo bem assumir este dentre tantos sentimentos. Não podemos, nem devemos nos esconder atrás de uma máscara. Por vezes até gostaríamos de estar em casa e fazer coro com as pessoas que estão trabalhando na modalidade home office, mas para muitos de nós esta não é uma opção.
Para os que estão, saibam, que nós estamos aqui no “postinho”, UBS, Hospital ou qualquer coisa que o valha, sem nenhuma máscara, enfrentando de forma absurdamente cega este vírus. Sem saber se estamos contaminando, ou sendo contaminados pelos outros. Com medo, olha só que interessante, de voltar para casa e abraçar as pessoas que amamos (esta frase ouvi de uma pessoa do trabalho hoje).
Máscara nenhuma pode nos proteger do que sentimos

Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo clínico
givaldo20psc@yahoo.com.br

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Sobre arrumar o Guarda Roupas

A ideia de arrumar o guarda roupa me surgiu novamente durante um atendimento de hoje. E saiu uma ótima discussão com a paciente sobre pessoas acumuladoras. Me surgiu então o óbvio insight eu sei, sobre pessoas que acumulam sentimentos.
     No transtorno de acumulação compulsiva, as pessoas tem muita dificuldade em se desfazer de determinados objetos e até recolhem outros que esperam dar finalidade algum dia.
      Ok. E os sentimentos com isso?
     Quando mantemos sentimentos guardados, baseados em nosso histórico, seja ele pessoal, afetivo, profissional, familiar, etc.  Acreditando que em algum momento ele poderá ser utilizado para nos proteger de algo que criamos em nossas cabeças. E tal qual o acumulador de objetos, apenas estocamos algo sem serventia alguma, fantasiando um possível uso.
     Os sentimentos, assim como algumas coisas tem vida, e devem estar em movimento sendo utilizados de forma dinâmica.
     Recentemente li num artigo sobre tanatologia (estudo da morte) que um dos maiores arrependimentos das pessoas diante da iminência da morte, é não ter demonstrado sentimentos e ter passado a vida inteira construindo muros ao redor do coração para que ninguém percebesse o que estavam sentindo.
     Diria que dessa forma estamos sobrecarregando nosso guarda-roupa de emoções e mais dia menos dia ele terá que ser reorganizado.

Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo Clínico
givaldo20psc@yahoo.com.br

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Abismo


“Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha de volta pra você”
Friedrich Nietzche

Isso pode ser assustador, caso não esteja preparado para ter acesso a conteúdos mais profundos do seu ser. Parece complexo, mas se trata apenas de olhar para dentro de nós mesmos e assumirmos alguns sentimentos e emoções que norteiam nossas vidas e faz com que fujamos das nossas responsabilidades. Tal como se estivéssemos perdidos num labirinto e evitássemos a todo custo achar a saída.



Não podemos deixar nossa vida no modo aleatório e ao acessarmos e aceitarmos nossas emoções somos provocados a assumir responsabilidades que terceirizamos de forma a culpar/responsabilizar os outros por problemas que são causados por nós mesmos.
Temos que aprender a exigir respeito pela nossa história e também a nos respeitarmos, para que este olhar para o abismo não seja assustador e apresente um caráter de autoconhecimento.
Não se trata de algo fácil, mas acredito que tudo se aprende nessa vida.

Obrigado pelo Insight Lucas

Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo Clínico
givaldo20psc@yahoo.com.br

quarta-feira, 24 de julho de 2019

A Difícil Arte da Escuta

         
          Somos provocados a ter opinião sobre tudo e muitas vezes estas provocações nos levam a querer ter a última palavra. Dificultando assim o nosso aprendizado e mais ainda a nossa escuta que já é tão deficitária.  E esta é uma habilidade que podemos aprender e através desse aprendizado, entender melhor o mundo e as pessoas que nos cercam.
         Numa discussão, a maioria das pessoas escuta para retrucar e não para aprender, dessa forma perdemos a possibilidade de com muita tranquilidade dar respostas e manter diálogos adequados.
         Nos preocupamos sempre em ter razão e entramos em discussões como lutadores de MMA num octógono.
         
          Porém, estes lutadores estudam seus adversários antes de partir para o combate. Quando esta luta se inicia, há uma série de regras que devem ser seguidas para manter o Fair Play (Jogo\luta Limpa), o juiz está ali para assegurar que isso aconteça. Mas, no octógono da vida temos que aprender\entender que não há a necessidade de ficarmos com a guarda levantada e prontos para retribuir o golpe que suspostamente iremos receber.

Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo clínico