sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Fazer Terapia


Sempre converso com as pessoas sobre o porquê de fazer terapia, e sempre deixo claro que a terapia tem uma relação muito forte com o autoconhecimento, mas não se trata apenas disso. O autoconhecimento é apenas uma das muitas conseqüências do processo terapêutico. Porém, para se conhecer as pessoas precisam entender que há muita dor e sofrimento no caminho, incômodo com conteúdos que são inconvenientes.
Precisam entender também que eles se colocaram nesta condição, e por dificuldade em lidar com determinadas questões, preferem se manter presos a este sofrimento que já estão habituados.
Muito difícil aceitar que coisas novas e boas podem acontecer em suas vidas, basta que queiram correr o risco e permitam-se sofrer também por estas coisas novas. Este “algo novo”, seja relacionamento, trabalho...  Não será tranqüilo, mas preferimos continuar sofrendo com aquilo que nos é familiar.
Mudar determinados padrões é difícil, mas é importante que estejamos abertos a atentos as possibilidades que a vida nos oferece. Temos também que ter paciência que este processo leva certo tempo e ninguém evolui do dia para a noite. Neste ponto gosto de usar a palavra evolução e não mudança. Mudar qualquer um muda, agora evoluir é difícil e leva tempo.
A terapia tem o poder de auxiliar neste processo, fazendo com que saibamos lidar com estes conteúdos e possamos aprender através de um olhar completamente livre de julgamentos sobre as nossas vivências. É isso que o psicólogo faz, ouve sem julgar (disse isso para uma paciente certa vez), parece simples, mas são poucos os ouvidos habilitados a ouvir dessa forma.
Com a ajuda de um bom profissional é possível iniciar esta viagem para dentro de si, se respeitando e sendo respeitado.

Muito obrigado pelos insights Luis Carlos, Patrícia e Julia

Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo clínico


sexta-feira, 29 de junho de 2018

MORTE ME DÁ MAIS UM DIA DE VIDA!!!


Caprichosamente às vezes a morte atende o pedido/lamento dos que sofrem com a sua proximidade. Pode ser por diversão também, apenas para demonstrar seu poder.
A frase que sempre ouvimos é que "Não somos nada". Mas, "nada" aos olhos de quem? Pois, aos olhos das pessoas que nos amam, somos tudo e por mais inútil que possa parecer, todo esforço será válido para que a morte brinque novamente e se afaste, nos dando uma falsa sensação de poder.
Esse poder é sedutor, pois achamos que podemos controlar algo que nos é impossível. Há livros e manuais que tentam inclusive classificar a morte em fases, diria que é apenas mais uma mania que o homem tem em querer classificar tudo.


    A morte sempre consegue aquilo que ela quer, precisamos entender que somos seduzidos por ela e não o contrário, flertando o tempo todo. Por maior que seja o nosso esforço (permita-me aqui usar um chavão do senso comum), quando chega a hora, não há nada que possa ser feito, a não ser aceitar e lidar cada uma a sua maneira com ela. Seja lá qual é a forma escolhida por ela, para se aproximar de nós, diretamente ou através de algum familiar ou conhecido.
Que cada um possa buscar conforto à sua maneira, pois os livros e manuais com as fases da morte não nos servem de nada nessa hora.



"...Cada um de nós tem a sua própria morte, transporta-a consigo num lugar secreto desde que nasceu, ela pertence-lhe, tu pertence-lhe...'

"...Isso a que chamas de mistério é muitas vezes uma proteção, há os que levam armaduras, há os que levam mistérios..."

Trechos extraídos do Livro- As Intermitências da Morte- José Saramago



GIvaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo Clinico
givaldo20psc@yahoo.com.br





quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

NÃO SE TORNE AQUILO QUE TE FERIU

          O abuso emocional sofrido ao longo da vida, causa feridas e marcas muito difíceis de cicatrizar, e sem uma exame minucioso, fica difícil identificar quais são as causas de muitos comportamentos e sentimentos que temos. E com toda essa confusão, terminamos por vezes assumindo a postura do abusador, sem que nos demos conta disso. Transformando-nos naquilo que nos feriu, porém direcionando toda a nossa mágoa para pessoas que nada tem a ver com o que sentimos e ainda com um agravante de serem pessoas que querem nosso bem e estão do nosso lado.
          Criamos e enxergamos um inimigo que não existe. Essa postura causa um sofrimento para si e ainda maior para o outro que se sente injustiçado diante de um comportamento hostil de uma pessoa que a principio lhe tem carinho. 
        No ambiente profissional este abuso é conhecido como assédio moral, aonde o abusador se vale da hierarquia para perseguir as pessoas. Nessa situação fica mais fácil identificar quem é o abusador/abusado.
          Nas outras esferas da vida. é mais difícil identificar se estamos sofrendo algum tipo de abuso, pois o abusador utiliza várias formas de manipular a situação ao seu favor, causando ainda mais sofrimento ao abusado, fazendo com que se sinta até culpado por algo que não está ao seu alcance e ficando refém de uma pessoa que só lhe faz mal. 
          Muito importante que estejamos atentos ao tipo de relacionamento que estamos construindo com as pessoas e de que forma isso impacta em nossas vidas e também qual impacto estamos causando na vida do outro. É comum que nossas vivências passem por conflitos, altos e baixos, mas nenhum relacionamento deve ser causador de angustia e sofrimento.


Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo clínico