Caprichosamente
às vezes a morte atende o pedido/lamento dos que sofrem com a sua proximidade.
Pode ser por diversão também, apenas para demonstrar seu poder.
A frase que sempre ouvimos é que "Não somos nada". Mas,
"nada" aos olhos de quem? Pois, aos olhos das pessoas que nos
amam, somos tudo e por mais inútil que possa parecer, todo esforço será válido
para que a morte brinque novamente e se afaste, nos dando uma falsa sensação de
poder.
Esse
poder é sedutor, pois achamos que podemos controlar algo que nos é impossível.
Há livros e manuais que tentam inclusive classificar a morte em fases, diria
que é apenas mais uma mania que o homem tem em querer classificar tudo.
A
morte sempre consegue aquilo que ela quer, precisamos entender que somos
seduzidos por ela e não o contrário, flertando o tempo todo. Por maior que seja
o nosso esforço (permita-me aqui usar um chavão do senso comum), quando chega a
hora, não há nada que possa ser feito, a não ser aceitar e lidar cada uma a sua
maneira com ela. Seja lá qual é a forma escolhida por ela, para se aproximar de
nós, diretamente ou através de algum familiar ou conhecido.
Que cada um possa buscar conforto à sua maneira, pois os livros e
manuais com as fases da morte não nos servem de nada nessa hora.
"...Cada um de nós tem a sua própria morte, transporta-a consigo num lugar secreto desde que nasceu, ela pertence-lhe, tu pertence-lhe...'
"...Isso a que chamas de mistério é muitas vezes uma proteção, há os que levam armaduras, há os que levam mistérios..."
Trechos extraídos do Livro- As Intermitências da Morte- José Saramago
GIvaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo Clinico
givaldo20psc@yahoo.com.br