segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O Envelhecer


Escreverei neste post sobre o filme Last Vegas. O filme com medalhões do cinema americano. É uma sátira sobre o envelhecimento. Na verdade termina sendo uma versão de Se Beber Não Case, na terceira idade.
Um quarteto de amigos encara vários desafios durante o filme, tem que lidar com fantasmas do passado, mas o problema maior e justamente a questão do envelhecimento e como estão suas vidas agora.
Billy (Michael Douglas) tem dinheiro, mulheres e é um tremendo bon vivant. Seus três amigos de infância não estão na mesma situação. Um (Robert De Niro) está de mal com ele, e é o mau humor em pessoa, o outro (Kevin Kline) vive a crise "da rotina" no casamento de 40 anos, enquanto o terceiro (Morgan Freeman) "sofre" sob os cuidados de um filho super protetor.
Há quem diga que os principais desafios na velhice, é lutar contra doenças crônicas e quedas, já que há uma inversão de papéis, a pessoa deixa de ser o cuidador, para o ser o que precisa ser cuidado. Neste ponto a autonomia do idoso é colocada em xeque, já que ele tem que dar satisfação de tudo que faz e existe uma marcação serrada, de forma que a infantilização do idoso muitas vezes se torna impossível.
Percebe-se, com eles, que a velhice se torna um momento negativo na história de vida de cada um. A velhice chega de forma despercebida nas nossas vidas, em um determinado momento podemos ser crianças e num curto período de tempo, já começamos, a ser cobrados com relação às coisas que fazemos.
As pessoas envelhecem de maneiras distintas, algumas lidam melhor, enquanto outras não suportam a angustia de ver o tempo passar. Alguns estilos de vida são impostos, a rotina passa a ser pijama, televisão e visitas ao médico. Mas, não se trata apenas de identificar quem se enquadra melhor nesse estilo, quem envelhece bem ou mal. O ideal é que o idoso tenha experiências emocionalmente ricas para partilhar e as continue a adquirir.
Infelizmente a sociedade valoriza muito a juventude, mas se percebe que cada vez mais, os idosos estão se capacitando para a realização das mais diversas atividades, desde a prática de esportes radicais a adaptação a novas tecnologias no mercado de trabalho.
As rugas não podem deixar de ser valorizadas, há muitas histórias nelas.
E você está envelhecendo direito?
Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo Clínico
CRP 06-96511
givaldo20psc@yahoo.com.br

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Vida Líquida

Em seu livro, Vida Líquida o sociólogo Polonês Zygmunt Bauman, nos traz de forma brilhante a revisão de algumas definições (como consumo, cultura, progresso, medo e amor). Que estão presentes em nossas vidas e em constante remodelação. Segundo Bauman - essa vida líquida é uma vida em precariedade em condições de dúvidas. 
A vida líquida, assim como a sociedade, não podem manter a forma ou permanecer em seu curso por muito tempo.

Vivemos em uma época de superficialidades, talvez seja porque as inovações tecnológicas, a mídia, os governos e o mercado produziram uma forma mais acessível de “excluir, desistir e substituir”. E isso vem ocorrendo com uma celeridade, que de certa forma dá uma vida de caráter incerto.
Uma sociedade que parece estar se moldando no prazer, no imediatismo, e em um consumismo desenfreado, já não basta mais ter um sapato de marca, um veículo último ano, tem-se que ter a ilusão ou sensação de que esse mesmo sapato e o veículo foram criados adequadamente ao seu perfil.
Essa pressa que o indivíduo percorre entre o amor e desapego, importante e descaso, entre o moderno e ultrapassado, o fundamental e o desnecessário tem provocado um aumento significativo de entulho existencial. Cada um carrega consigo seu entulho que precisa ser descartado em algum lugar, e isso acontece através da ajuda dos mais diversos meios.
Distancia-se das pessoas reais, para se conectar com amigos virtuais das redes sociais, que se tornou um gatilho, de uma série de patologias no mundo líquido-moderno. Há uma busca constante por autoafirmação, através de postagens e representações, com o desejo de receber uma curtida – desencadeando uma compulsão de querer permanecer online, ou melhor dizendo conectado em uma realidade virtual de alienação.
Estamos permitindo que nossa vida “deslize por águas desconhecidas”, e é nesse sentido que precisamos refletir sobre o nosso atual contexto efêmero e descartável.

Luís Carlos
Psicólogo e Orientador Vocacional
CRP – 06/95367

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A Moda Selfie



Selfie X Narciso

Selfie é uma palavra em inglês, um neologismo com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, e é uma foto tirada e compartilhada na internet.
Normalmente uma selfie é tirada pela própria pessoa que aparece na foto, com um celular que possui uma câmera incorporada, com um smartphone, por exemplo. Também pode ser tirada com uma câmera digital ou webcam. A particularidade de uma selfie é que ela é tirada com o objetivo de ser compartilhada em uma rede social como Facebook, Instagran ou Twitter, por exemplo. Uma selfie pode ser tirada com apenas uma pessoa, com um grupo de amigos ou mesmo com celebridades.

Fonte-http://www.significados.com.br/selfie/

Segundo a mitologia existia uma ninfa bela e graciosa tão jovem quanto Narciso, chamada Eco e que amava o rapaz em vão. A beleza de Narciso era tão incomparável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso; e então daí o nome narciso à flor.

Fonte- Wikipédia


Apesar de não ter um smartphone, Narciso, foi uma das primeiras pessoas, que se tem noticia, a realizar uma selfie. Mesmo não estando interessado em divulgar sua imagem, apaixonou-se por si mesmo e não estava preocupado com a aceitação dos outros. Fato é, como muitas pessoas, ele é obcecado pela sua aparência.
As selfies já fazem parte do nosso dia a dia. Registrar a própria imagem em um bom  ângulo e postar na rede se tornou tão comum que poucos ainda não se renderam a essa forma de estar presente no seu círculo virtual.
As pessoas postam selfies de suas personas, intelectual, esportiva, relaxada, e como animais sociais, precisam ser aceitas pelos amigos e receber curtidas do que postou. Caso isso não ocorra, pode haver frustrações.
Recentemente o Jornal O Globo, publicou uma pesquisa sobre o assunto e outros fatores; oglobo.globo.com/sociedade/saude/com-febre-dos-selfies-cresce-numero-de-cirurgias-plasticas-nos-eua-12725349#ixzz3C4DiLFl9)

Com certeza há algo por trás desse comportamento. O que leva as pessoas a ficarem tão preocupadas com a própria imagem?
De alguma forma receber várias curtidas, chamar a atenção e ser admirado faz com que as pessoas busquem mais e mais por isso, parece haver um desejo pelo olhar constante do outro. Incorporada a essa febre, vieram situações vexatórias, como as Selfies em locais inapropriados, demonstrando que muito mais importante do que estar em determinado local, é mostrar para os outros que está. Um dos muitos exemplos foi a pessoa que tirou uma Selfie no velório de Eduardo Campos.


 Por que tanta promoção pessoal?

As pessoas estão cada vez mais expostas, como produtos num supermercado. E tal qual o produto que tem que estar no melhor local para que todos possam vê-lo, admirá-lo, comprá-lo e aprová-lo, as pessoas estão precisando mais e mais da aprovação do outro para sentir algum tipo de prazer. Está havendo uma terceirização de sentimentos, onde é necessário que o mundo externo me faça feliz, sem que eu me preocupe com o mundo interno. Até por que, a atenção dada a esse mundo interno pode causar incomodo e insegurança.
Arrisca-se muito quando se coloca a aceitação na mão de outras pessoas, pois estas pessoas podem não corresponder às nossas necessidades. Gerando uma frustração muito grande e sentimento de rejeição perante a sociedade, principalmente virtual. Com isso, percebe-se que as pessoas estão buscando inovações na hora de se clicar, estas inovações muitas vezes incoerentes, muitas vezes arriscadas e inoportunas.

E o que pode ser feito?

O mundo é real e não virtual, devemos estar atentos a nossa realidade e investir em nosso autoconhecimento. Assim, podemos estar cada vez mais situados em quem somos de verdade. As pessoas precisam de forma saudável se encontrar consigo. A psicoterapia de forma incondicional auxilia nesse encontro. Só o autoconhecimento pode nos ajudar a perceber quem nós somos. Assim, não dependemos das postagens, curtidas e comentários das redes sociais.
Narciso acha feio o que não é espelho

Givaldo da Silva Costa Filho
Psicólogo Clínico
CRP 06-96511
givaldo20psc@yahoo.com.br