quarta-feira, 6 de maio de 2015

Pessoas de papel... Cidade de papel... Projeções...

O livro "Cidade de Papel" de John Green é muito divertido e prazeroso de ler,  literatura juvenil,  mas com uma reflexão e tanto sobre as expectativas que colocamos sobre as pessoas a nossa volta.

"A imaginação não é perfeita. Não dá para mergulhar por inteiro dentro de outra pessoa.[...] Mas imaginar ser outra pessoa, ou que o mundo pode ser diferente, é a única saída". Quentin Jacobsen - Cidade de Papel,  John Green.

O livro fala da expectativa que colocamos nas coisas e muito mais nas pessoas. Essas expectativas na psicologia podem ser vistas como projeções, colocamos o que queremos e esperamos de nós mesmos no outro, mas tudo inconscientemente. Projeções são nossos sonhos,  desejos emocionais e materiais,  que esperamos que o outro consiga de alguma forma suprir todas elas.
Quando o outro não consegue cumprir e/ou superar/suprir essas expectativas começamos enxergar como realmente o outro é,  por que enquanto estávamos "encantados" o outro era a perfeição.
E quando a lucidez vem e mostra o que outro realmente é,  temos que reavaliar os sentimentos para sabermos se estar ao lado dela, é onde desejamos estar. 
Para aceitar o outro você precisa morrer para algumas exigências que faz,  o trecho a seguir, do livro fala em partes da morte fisiológica, mas pensemos nessa morte como o se desprender de algumas coisas ou morrer para estas coisas...

"Mas, você precisa ser cuidadoso ao escolher sua metáfora, porque ela faz diferença. Se escolher os fios, significa que está imaginando um mundo no qual você pode se arrebentar de forma irreparável. Se escolher a relva, então quer dizer que todos nós somos interligados e que usamos esse sistema radicular não apenas para compreendermos uns aos outros, mas também para nos tornarmos o outro. As metáforas têm consequências.



Quando ele fala da relva, fala das raízes,  se tornar o outro,  metaforicamente quer dizer aceitar o outro como é,  e criar raízes com esse ser que você acabou de conhecer.

Mas, na verdade o outro é como algo cheio de rachaduras,  onde durante muito tempo, víamos as cascas, e antes disso, estávamos apenas observando a ideia que fazíamos um do outro.

A leitura do Livro Cidade de Papel,  reflete o quanto idealizamos o outro e esquecemos de perguntar , olho no olho,  quem é a pessoa que está a nossa frente, o que ela espera de nós e do mundo a sua volta,  tendemos a imaginar o que o outro é e o que ele quer e esquecemos de olhá-lo e permitir que fale e mostre quem realmente é. Ao não permitir que outro se mostre,  não nos permitimos nos mostrar,  com medo da desaprovação. Mas, quando a projeção acaba, o verdadeiro eu aparece e é difícil manter as aparências, no entanto, muitas pessoas se tornam de papéis, se adaptam e se acomodam àquela vida ou àquela pessoa.

Talvez seja mais como o que você falou antes, rachaduras em todos nós. Como se cada um tivesse começado como um navio inteiramente à prova d’água. Mas, as coisas vão acontecendo… as pessoas se vão, ou deixam de nos amar, ou não nos entendem, ou nós não as entendemos… e nós perdemos, erramos, magoamos uns aos outros. E o navio começa a rachar em determinados lugares. E então, quando o navio racha, o final é inevitável. Quando começa a chover dentro do Osprey, ele nunca vai voltar a ser o que era. Mas, ainda há um tempo entre o momento em que as rachaduras começam a se abrir e o momento em que nós nos rompemos por completo. E é nesse intervalo que conseguimos enxergar uns aos outros, porque vemos além de nós mesmos, através de nossas rachaduras, e vemos dentro dos outros através das rachaduras deles. Quando foi que nos olhamos cara a cara? Não até que você tivesse visto através das minhas rachaduras, e eu, das suas. Antes disso, estávamos apenas observando a ideia que fazíamos um do outro, tipo olhando para sua persiana sem nunca enxergar o quarto lá dentro. Mas, uma vez que o navio se racha, a luz consegue entrar. E a luz consegue sair.”

Jonh Green

Dayane Rodrigues
Psicóloga Organizacional

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