O livro "Cidade de
Papel" de John Green é muito divertido e prazeroso de ler, literatura juvenil, mas com uma reflexão e tanto sobre as
expectativas que colocamos sobre as pessoas a nossa volta.
"A imaginação não é perfeita. Não dá para mergulhar por
inteiro dentro de outra pessoa.[...] Mas imaginar ser outra pessoa, ou que o
mundo pode ser diferente, é a única saída". Quentin Jacobsen - Cidade de
Papel, John Green.
O livro fala da expectativa
que colocamos nas coisas e muito mais nas pessoas. Essas expectativas na
psicologia podem ser vistas como projeções, colocamos o que queremos e
esperamos de nós mesmos no outro, mas tudo inconscientemente. Projeções são
nossos sonhos, desejos emocionais e
materiais, que esperamos que o outro
consiga de alguma forma suprir todas elas.
Quando o outro não consegue
cumprir e/ou superar/suprir essas expectativas começamos enxergar como
realmente o outro é, por que enquanto
estávamos "encantados" o outro era a perfeição.
E quando a lucidez vem e
mostra o que outro realmente é, temos
que reavaliar os sentimentos para sabermos se estar ao lado dela, é onde
desejamos estar.
Para aceitar o outro você
precisa morrer para algumas exigências que faz,
o trecho a seguir, do livro fala em partes da morte fisiológica, mas
pensemos nessa morte como o se desprender de algumas coisas ou morrer para estas
coisas...
"Mas, você precisa ser cuidadoso ao escolher sua
metáfora, porque ela faz diferença. Se escolher os fios, significa que está imaginando um mundo no qual você pode se
arrebentar de forma irreparável. Se escolher a relva, então quer dizer que
todos nós somos interligados e que usamos esse sistema radicular não apenas
para compreendermos uns aos outros, mas também para nos tornarmos o outro. As
metáforas têm consequências.
Quando ele fala da relva,
fala das raízes, se tornar o outro, metaforicamente quer dizer aceitar o outro
como é, e criar raízes com esse ser que
você acabou de conhecer.
Mas, na verdade o outro é como
algo cheio de rachaduras, onde durante
muito tempo, víamos as cascas, e antes
disso, estávamos apenas observando a ideia que fazíamos um do outro.
A leitura do Livro Cidade de
Papel, reflete o quanto idealizamos o
outro e esquecemos de perguntar , olho no olho,
quem é a pessoa que está a nossa frente, o que ela espera de nós e do
mundo a sua volta, tendemos a imaginar o
que o outro é e o que ele quer e esquecemos de olhá-lo e permitir que fale e
mostre quem realmente é. Ao não permitir que outro se
mostre, não nos permitimos nos
mostrar, com medo da desaprovação. Mas,
quando a projeção acaba, o verdadeiro eu aparece e é difícil manter as
aparências, no entanto, muitas pessoas se tornam de papéis, se adaptam e se
acomodam àquela vida ou àquela pessoa.
“Talvez seja mais como o que você falou antes, rachaduras em todos nós.
Como se cada um tivesse começado como um navio inteiramente à prova d’água.
Mas, as coisas vão acontecendo… as pessoas se vão, ou deixam de nos amar, ou
não nos entendem, ou nós não as entendemos… e nós perdemos, erramos, magoamos
uns aos outros. E o navio começa a rachar em determinados lugares. E então,
quando o navio racha, o final é inevitável. Quando começa a chover dentro do
Osprey, ele nunca vai voltar a ser o que era. Mas, ainda há um tempo entre o
momento em que as rachaduras começam a se abrir e o momento em que nós nos
rompemos por completo. E é nesse intervalo que conseguimos enxergar uns aos
outros, porque vemos além de nós mesmos, através de nossas rachaduras, e vemos
dentro dos outros através das rachaduras deles. Quando foi que nos olhamos cara
a cara? Não até que você tivesse visto através das minhas rachaduras, e eu, das
suas. Antes disso, estávamos apenas observando a ideia que fazíamos um do
outro, tipo olhando para sua persiana sem nunca enxergar o quarto lá dentro.
Mas, uma vez que o navio se racha, a luz consegue entrar. E a luz consegue
sair.”
Jonh Green
Dayane Rodrigues
Psicóloga Organizacional
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